Pela Internet

Você pode ouvir o programa Cena Jazz pela Internet no endereço http://www.rtve.pr.gov.br/modules/programacao/radiofm_ao_vivo

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Programa de 28 de dezembro de 2010


E no começo eram as Big Bands...

Se você for ler sobre as origens do jazz, encontrará várias versões que convergem do blues para as bandas de Nova Orleans, o jazz negro de Chicago, as bandas brancas de dixieland e o som de Kansas City. O movimento segue mais ou menos esta espinha dorsal para desembocar na chamada "Era do Jazz" que compreende o final da década de 20 e o início da próxima. Depressão econômica, desemprego em massa, lei seca, miséria; tudo isso compensado pela música maravilhosa que tocava (ao vivo!) em rádios de todo o território dos EUA. Foi a época das Big Bands. A gloriosa época das Big Bands! Nomes como Benny Goodman, Jimmy Dorsey, Glen Miller, Cab Calloway, Artie Shaw, Duke Ellington eram então extremamente populares.

No programa desta terça-feira prestaremos um tributo a esses grupos que alegraram o coração não só dos estadunidenses, mas de homens e mulheres de todo planeta. Não ficaremos, porém, restritos às orquestras da década de 30. Nesta edição do programa faremos um passeio de setenta anos pelo som das Big Bands.

Orquestra de Artie Shaw
E para começar você vai ouvir um clássico: The Mooche, composição de Duke Ellington com a orquestra do autor. A gravação é da década de 40. Completando o bloco apresentaremos Upswing com a Dave Holand Big Band. O álbum What Goes Around foi lançado m 2002 pelo selo alemão ECM.

 
Selo do disco que apresentava a primeira versão gravada de "The Mooche", em 1928
 No segundo bloco tocaremos inicialmente Highise Riff com o grupo liderado pelo trompetista Wynton Marsalis. A faixa está no álbum Citi Movement que foi lançado pelo selo Columbia em 1991. Completando bloco teremos a orquestra de Stan Kenton apresentando Intermission Riff do álbum Kenton in HiFi, gravado em 1956.

Se você ficou se perguntando o que riff, segue aí a definição daWikipedia: “Riff é uma progressão de acordes, intervalos ou notas musicais, que são repetidas no contexto de uma música, formando a base ou acompanhamento. Riffs geralmente formam a base harmônica de músicas de jazz, blues e rock.”

Depois do intervalo, você ouvirá outra orquestra clássica: a Count Basie Orchestra. Com o grande Joe Willians servindo de crooner, tocaremos Every Day I Have The Blues – faixa do álbum Count Basie Swings, Joe Williams Sings, gravado em 1956. Na sequência, a gravação de Isothope feita para o sensacional álbum Joe Henderson Big Band, lançado pelo selo Verve em 1996.



A foto que registra a gravação da faixa "Everyday I Have The Blues"
E para encerrar este tributo às big bands de todos os tempos apresentaremos no último bloco do programa Fables of Faubus, faixa do álbum Mingus Ah Um do genial contrabaixista Charles Mingus. A sessão foi gravada em 1959 para o selo Columbia Jazz. E encerraremos o programa com outro gênio do jazz: o pianista, maestro, compositor e arranjador Gil Evans. Do seu álbum Out of The Cool, você ouvirá o tema Stratophunk. Selo GRP, 1960.

Por hoje é isto! No programa de quinta-feira teremos mais big bands para você começar a comemorar a passagem de ano com música boa e animada. Até lá!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Programa de 23 de dezembro de 2010

Natalie Cole é uma cantora especial. Afinadíssima ela trabalha um repertório de muito bom gosto em que o jazz ocupa um lugar especial. Apresentaremos no programa desta quinta-feira o álbum Take a Look; lançado em 1993 pelo selo Elektra, o disco é todo muito bom. Destacaremos hoje as interpretações de Miss Cole para It´s Sand Man (Ed Lewis, Jon Hendricks e Dave Lambert) e All About Love (Bill Dana e Robert Arthur). Acompanharam a belíssima voz de Natalie Cole Alan Broadbent – piano, Jim Hughart – contrabaixo, John Chiodoni – guitarra, Jeff Hamilton – bateria e Pete Christlieb – saxofone.

Jean “Toots” Thielemans é um músico muito especial. Belga de nascimento transformou-se em um músico universal. Reconhecido mundialmente como um dos maiores intérpretes da harmônica, é referência do instrumento na cena jazz. Entretanto poucos sabem que seu instrumento original é a guitarra, que tocou durante anos no quinteto do pianista inglês George Shearing. Apresentaremos no programa de hoje o álbum Man Bites Harmônica, que marca sua estréia como líder na cena estadunidense do jazz. Lançado originalmente pelo selo Riverside em 1958, o disco apresenta oito faixas dentre as quais escolhemos 18th Century Ballroom (Ray Bryant) e East of The Sun (Brooks Bowman). Participaram do encontro Peper Adams – sax barítono, Kenny Drew – piano, Wilbur Ware – contrabaixo e Art Taylor – bateria.

Toots Thielemans ainda garoto no início da brilhante carreira
Após o intervalo você vai ouvir as homenagens que o saxofonista Joe Henderson fez a duas das maiores figuras da música do século XX: Miles Davis e Antonio Carlos Jobim. No início da década de 90 Joe Henderson gravou os discos mais significativos de sua carreira; dentre eles So Near So Far em homenagem ao trompetista e Double Rainbow, uma homenagem ao nosso maestro soberano. Os dois discos são espetaculares e valem uma audição completa. Selecionamos para você So Near So Far (Tommy Crombie e Benny Green), onde Joe Henderson foi acompanhado por Joe Scofield – guitarra, Dave Holland – contrabaixo e Al Foster – bateria. Do repertório do compositor brasileiro escolhemos No More Blues ou Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinícius de Moraes) que foi executada por Joe Henderson – sax tenor, Herbie Hancock – piano, Christian McBride – contrabaixo e Jack DeJohnette – bateria. Os dois CDs foram lançados pelo selo Verve, o primeiro em 1993 e o outro em 1995.

O programa segue com mais um momento especial. Tocaremos no quarto bloco o álbum Trumpet Evolution do trompetista cubano Arturo Sandoval. Gravado em 2003 para o selo Crescent Moon o disco é um tributo que o Señor Sandoval presta a 19 trompetistas que marcaram a linha evolutiva do jazz. Começa com Dipper Mouth Blues, tributo a King Oliver e termina com Later para Wynton Marsalis; mas praticamente todos os nomes que se destacaram no instrumento são lembrados. Escolhemos para tocar no programa as faixas Concerto for Cootie (Duke Ellington) e I Can´t Get Started (Ira Gershwin e Vernon Duke). A primeira é uma homenagem a Charles “Cootie” Willians e a segunda a Bunny Berigan, dois trompetistas não muito lembrados no dias de hoje, mas que deixaram sua marca na historia do jazz.

Capa do álbum Trumpet Evolution
Para encerrar o programa uma brincadeirinha legal. Tocaremos duas versões de A Night In Tunisia (Dizzy Gilespie e Frank Paparelli). Ouviremos inicialmente uma versão cantada por Bobby McFerrin com letras de Jon Hendricks e na sequência umas das versões clássicas: a gravação ao vivo feita em 1953 no Birdland com o grupo que formaria a primeira versão do Jazz Messengers. Tocaram Clifford Brown – trompete, Lou Donaldson – sax alto, Horace Silver – piano, Curly Russel – contrabaixo e Art Blakey – bateria. Na versão vocal, acompanham o Bobby McFerrin as vozes do grupo Manhatan Transfer.

Feliz Natal!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Programa de 16 de dezembro de 2010

Conforme prometido na edição de terça-feira, iniciamos o programa de hoje com a apresentação do álbum Something Blue que marca a estréia de Paul Horn como band líder. Mais lembrado nos dias de hoje pelo seu trabalho com flautas, Mr. Horn também tocava – e bem – sax alto e clarineta. Gravado em 1960 para o selo HI FI Jazz, a música apresentada demonstra uma clara influência do tijolo que havia despencado sobre a cena jazz no ano anterior – álbum Kind of Blue. Miles havia “inventado” o jazz modal e a maioria dos músicos da época andava impressionada com o trabalho. Para você ouvir um pouco da música apresentada, selecionamos os temas Something Blue e Fremptz, ambas composições de Paul Horn. Para as gravações ele convidou Paul Moer – piano, Jimmy Bond – contrabaixo, Billy Higgins – bateria e Emil Richards – xilofone.

Paul Horn novinho, a fim de impressionar o público feminino

Um dos primeiros LPs de jazz que comprei foi – benza deus! – o álbum Take Love Easy. Gravado para o selo Pablo em 1973 o disco é de uma delicadeza deslumbrante! Apresentando “apenas” a voz da diva Ella Fitzgerald e a guitarra de Joe Pass, o disco traz nove faixas belíssimas. Difícil escolher apenas duas para apresentar no programa, mas selecionamos Take Love Easy (Duke Ellington e John Latouche) e A Foggy Day (Gershwin Bros.). Vale lembrar que o disco tem uma gravação muito bonita de Once I Loved, versão de Ray Gilbert para Amor em Paz de Tom Jobim e Vinícius de Moraes que eu prometo tocar no início do próximo ano.

Ella e Joe para japonês ouvir
Gosto tanto deste álbum que, quando apareceram os CDs, procurei-o alucinadamente. Acabei encontrando uma versão japonesa numa loja da Tower em Londres e comprei. Alguns anos depois o CD foi lançado no Brasil e frequentou algumas bancas de liquidação nas Mesblas da vida...

Após o intervalo apresentaremos mais um encontro entre grandes do jazz. Desta vez trata-se do álbum Bags Meets Wes! que registra a sessão que reuniu Milt Jackson (cujo apelido era Bags) e Wes Montgomery. O surgimento do garoto fenômeno da guitarra no final dos anos 50 fez com muita gente já estabelecida na cena jazz o convidasse para tocar e gravar. A maioria acabou esnobada por Wes Montgomery; uma exceção foi Milt Jackson em grande parte por Wes tinha tocado muitos anos com seu irmão Buddy e desenvolvido com isso uma afinidade com a combinação guitarra jazzy e xilofone. Gravado em dezembro de 1961 pelo selo Riverside, o disco reúne sete faixas que mostram o resultado do encontro. Você ouvirá os temas Blue Roz (Wes Montgomery) e S.K.J. (Milt Jackson). Para acompanhá-los escolheram Wynton Kelly – piano, Sam Jones – contrabaixo e Philly Joe Jones – bateria.

Deve ter feito muito frio no inverno de 1961 em NYC. Meio parecido com nosso verão curitibano...

O quarto bloco do programa apresenta o The Jazztet, grupo importante liderado por Art Farmer e Benny Golson. A banda que durou relativamente pouco tempo (1959 a 1963), se destacou por ser um canal de apresentação das fabulosas composições de Benny Golson e por ter lançado alguns nomes que fariam história nas décadas seguintes, entre eles os pianistas McCoy Tyner e Cedar Walton. A música do grupo era uma espécie de pós hard bop bastante densa e interessante. Você poderá conferir o som do Jazztet nas faixas 2 Degrees East, 3 Degrees West (John Lewis) e Blues On Down (Benny Golson). As gravações para o selo LeJazz foram feitas em Nova Iorque em 1961 e tiveram a participação de Tom McIntosh – trombone, Cedar Walton – piano, Albert “Tootie” Heath – bateria, Tommy Willians contrabaixo, além, claro, de Art Farmer – trompete e Benny Golson – sax tenor.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Programa de 14 de dezembro de 2010

James Moody (1925-2010)
O blog Jazz Lumen e o programa Nas Trilhas do Jazz prestam tributo ao grande saxofonista James Moody. Como o programa de hoje foi gravado com antecedência, não tocaremos sua música. Em breve apresentaremos alguns álbuns de James Moody, mais um gigante do jazz que vai tocar na Big Band do Paraíso.

Quem presta um pouquinho de atenção ao jazz já ouviu o nome Marsalis. Provavelmente Wynton Marsalis; os mais informados conhecem o Branford Marsalis, os que são mesmo da praia do jazz já ouviram falar de Jason Marsalis e os realmente “tarados” por jazz até escutaram um disco do Delphayo Marsalis. Então... toda essa garotada descende do grande pianista de Nova Orleans Elis Marsalis. Pois papai Marsalis convidou seu filho saxofonista, o Branford, para gravar uma disco muito bacana: o álbum Loved Ones. São 14 faixas, todas elas com nomes de ou referências a mulheres. Temos Delilah, Maria, Angelica, Liza, Nancy e outras sempre homenageadas pelo duo. Escolhemos as deliciosas Louise (Leo Robin e Richard Whitling) – nessa apenas piano, e Lulu´s Back In Town (Al Dubin e Harry Warren) – com a dupla. O disco foi lançado pelo selo Columbia em 1996.

Miles Davis além de ser músico sensível e inovador genial foi também o criador de alguns dos maiores grupos da história do jazz. Seus dois quintetos – o da segunda metade da década de 50 e o da década de 60 marcaram a história da música do século XX. Em relação ao primeiro grupo, muita gente pensa que apenas os álbuns gravados para o selo Columbia (Round About Midnight e Kind of Blue – os dois mais importantes) foram os mais significativos. É importante lembrar que houve gravações anteriores que pertencem a qualquer antologia do jazz que se preze. Em apenas duas seções o grupo formado por Miles – trompete, John Coltrane – sax tenor, Red Garland – piano, Paul Chambers – contrabaixo e Philly Joe Jones – bateria gravou material para quatro álbuns sensacionais: Cookin´, Walkin´, Relaxin´ e Steamin´ with The Miles Davis Quintet; destacaremos este último no programa de hoje. Das seis faixas que compõem o disco, escolhemos as delicadas Diane (Erno Rappee e Lew Pollack) e When I Fall In Love (Victor Young e Edward Heyman). Enjoy it!


Capas dos quatro álbuns antológicos
O timbre de voz peculiar sempre foi a marca registrada da cantora e pianista Blosson Dearie. Cantora sensibilíssima, Miss Dearie foi grande destaque no mundo do jazz nos anos 50 e 60. Após uma prematura aposentadoria, ela voltou a apresentar em festivais e clubes estadunidenses e europeus até 2006. Faleceu no ano passado. No programa de hoje apresentaremos gravações suas do período em que morou em Paris, entre 1952 e 1954. Acompanhada do Blue Stars of France ouviremos Blosson Dearie apresentando uma versão em francês para Lullaby of Birdland (George Shearing e George David Weiss) e Tout Ma Joie (tradicional). O álbum Les Blue Stars foi gravado em 1954.

Blosson Dearie vale uma visita ao Youtube
Já estabelecido no circuito do jazz o xilofonista Bobby Hutcherson liderou uma ótima sessão de gravação para o selo Blue Note em 14 de julho de 1966. Reunido a Joe Henderson – sax tenor, McCoy Tyner – piano, Herbie Lewis – contrabaixo e Billy Higgins – bateria, gravou seis faixas que foram lançadas no álbum Stick-up! Escolhemos para você os temas 8/4 Beat e Summer Nights ambas de Mr. Hutcherson.

E para convidá-lo para o programa de quinta-feira finalizamos a edição de hoje com o flautista Paul Horn apresentando o tema Mr. Bond. Outras faixas do álbum Something Blue você escutará no próximo programa! Até lá!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Jazz em capas

Dando sequência à série de capas de discos de jazz, vão aí mais algumas...

Começamos com o álbum Friends do pianista Chick Corea. Se o disco tivesse vocais, tenho certeza que seriam da Smurfete...

Cadê a Smurfete?
Jerome Kern é um dos maiores compositores estadunidenses da primeira metade do século XX. Compos A Fine Romance, All The Things You Are, I´m Old Fashioned, Smoke Gets In Your Eyes, entre tantas canções maravilhosas. Todos nós amamos Jerome Kern... mas precisava uma capa assim?

Álbum I love Jerome Kern do pianista Kenny Drew
Cab Calloway é um dos figuraços do jazz na boa companhia de Professor Longhair,Thelonious Monk e Dizzy Giliespie (que aliás tocou na orquestra dele). Cantor, compositor, maestro, band líder ficou famoso pelo modo de cantar e pelas performances nos palcos. Se você tem idade para ter assistido o filme Cotton Club do Francis Ford Copolla, ele é representado no filme cantando Minnie, the Moocher. Pela capa da coletânea que segue abaixo, dá para perceber que o cara não era muito normal.

Pelo olhar Cab Calloway gostou da vizinha do andar de cima...

Seguem endereços de outros posts sobre capas de discos, com dose especialíssima de Chet Baker:

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Programa de 09 de setembro de 2010

Quando se fala em saxofone no jazz dos anos 50, Sonny Rollins é provavelmente o nome mais importante. Se Charlie Parker deu as cartas nos anos 40 e John Coltrane é o grande nome na década de 60, o trabalho de Mr. Rollins durante os fifties o credencia como um dos gigantes do jazz em todos os tempos. O All Music Guide Jazz coloca-o como um dos quatro maiores tenoristas de todos os tempos na boa companhia de Coleman Hawkins, Lester Young e John Coltrane.

Belíssima foto de Sonny Rollins
No programa desta quinta-feira destacaremos o álbum Newk´s Time, gravado em 22 de setembro de 1957 para o selo Blue Note. O quarteto reunido para o encontro foi completado por Wynton Kelly – piano, Doug Watkins – contrabaixo e Philly Joe Jones – bateria. Escolhemos os temas Tune Up (Miles Davis) e Wonderful! Wonderful! (Ben Raleigh e Shermann Edwards).

Minha cantora de jazz favorita no momento é Dee Dee Bridgewater. Após um começo de carreira hesitante entre o pop, o R&B e o jazz, Miss Bridgewater firmou-se no cenário jazzístico durante o período em que viveu na França durante a segunda metade dos anos 80. Dois fatos serviram para firmá-la como um das grandes divas do jazz contemporâneo: uma turnê européia com um espetáculo baseado na vida de Billie Holiday e o lançamento, em 1995, do CD Love and Peace: a tribute to Horace Silver. E é este álbum que apresentaremos no segundo bloco do programa. Gravado em Paris, o disco tem como destaques 13 composições do genial pianista e conta com a participação do autor ao piano e, também, de Jimmy Smith tocando seu órgão em duas faixas. Difícil escolher duas músicas e ficamos com Tokio Blues e Song For My Father. Acompanharam Dee Dee os músicos Stéphane Belmondo – trompete, Lionel Belmondo – sax tenor, Thierry Eliez – piano, Hein Van De Geyn – contrabaixo e André “Dedé” Cecarelli – bateria. Em Song For My Father, Horace Silver assumiu o piano. O lançamento deste excelente disco foi do selo EmArcy.

Dee Dee Bridgewater com certeza ouvindo boa música
Dentre os excelentes discos que o saxofonista Branford Marsalis já lançou, sem dúvida destaca-se o álbum Random Abstract. Gravado em Tóquio em agosto de 1987 para o selo Columbia Jazz, o álbum reuniu o saxofonista a Kenny Kirkland – piano, Delbert Felix – contrabaixo e Lewis Nash – bateria. Das nove faixas que compõem o eclético repertório do CD, escolhemos Yes and No (Wayne Shorter) e Crepuscule with Nelie (Thelonious Monk). Música da pesada!

Uma das características dos lançamentos do selo Naxos Jazz eram as capas com pinturas abstratas

Liderado pelo pianista Mike Nock o New York Jazz Collective é um grupo bastante interessante. Sua música soa moderna, mas mantém suas raízes na improvisação coletiva típica dos primórdios do jazz, apenas com mais espaço para solos de seus componentes. Conheço dois discos (excelentes!) do grupo. Para o programa de hoje escolhemos o álbum I Don´t Know This World Without Don Cherry, uma homenagem ao cornetista de Oklahoma que marcou época no jazz avant gardé. Você poderá conferir o trabalho do grupo nos temas New Morning of the Dream (Mike Nock) e Don´t Leave Me (Baikida Carrol) Na formação do grupo temos Marty Ehrlich – clarineta, flauta e sax soprano, Baikida Carrol – trompete e flugel, Frank Lacy – trombone, Michael Formanek – contrabaixo, Steve Johns – bateria e Mike Nock – piano. O álbum foi lançado em 1996 pelo selo Naxos Jazz.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Programa de 07 de dezembro de 2010

O programa de hoje começa com tempero bem latino. Tocaremos duas faixas do álbum My Summertime do percussionista portorriquenho Ray Barreto. O disco foi gravado em 1995 em Nova Iorque para o selo Bel e apresenta uma série de temas recorrentes do repertório jazzístico com a típica pegada da música caribenha. Escolhemos dois clássicos: Autumn Leaves (Joseph Kosma e Jacques Prévert) e Summertime (Du Boise Hayward, Ira Gershwin e George Gershwin). Acompanharam Ray Barreto nas gravações Hector Martignon – piano, Michael Phillip Mossman – trompete, Adam Kolker – sax tenor e soprano, Jairo Moreno – contrabaixo e Vince Cherico – bateria.

Ray Barreto quebrando tudo
Ainda no clima latino trazemos o saxofonista Wayne Shorter tocando suas composições El Gaucho e, em seguida, Footsprints. As duas faixas fazem parte do álbum Adam´s Apple, gravado em 1966 pelo selo Blue Note. Nesta época Mr. Shorter fazia parte do célebre quinteto de Miles Davis, mas levava um trabalho paralelo que resultou em grandes discos. A “Maçã de Adão” foi gravada em quarteto com a participação de Herbie Hancock – piano, Reggie Workman – contrabaixo e Joe Chambers – bateria.

Lennie Tristano é pouco lembrado nos dias de hoje. Cego desde a infância, o descendente de italianos nascido em Chicago foi um dos grandes pianistas da década de 50. Ainda hoje é reconhecido como um grande inovador das técnicas de piano no jazz e também como grande improvisador. Apresentaremos no programa de hoje os standards All The Things You Are (Jerome Kern e Oscar Hammerstein III) e These Foolish Things (Eric Maschwitz e Jack Strachey); duas faixas do álbum Lennie Tristano, lançado 1955 pelo selo Atlantic. Estiveram presentes nas gravações Lee Konitz – sax alto, Gene Ramey – contrabaixo e Art Taylor – bateria.

Lennie Tristano em foto do encarte do álbum que tocamos no programa
Também pouco lembrada aqui no Brasil é a cantora Nancy Wilson. Como a maioria das cantoras de jazz, Miss Wilson aprendeu a cantar em coros de igreja e escolas; sua carreira deslanchou quando em 1959, acatando um conselho do saxofonista Cannonball Aderley, ela mudou-se para Nova Iorque. Tornou-se então uma das grandes cantoras da segunda metade do século XX trafegando entre o jazz, o blues e o pop. Indiferente aos rótulos, ela gosta de definir-se como song stylist. Recentemente ganhou os Grammys de melhor desempenho vocal em jazz nos anos de 2005 e 2007. Nas trilhas do jazz de hoje, você ouvirá Nancy Wilson cantando as canções Call Me Irresponsible (Sammy Cahn e Jimmy Van Heusen) e Our Day Will Come (Bob Hilliard e Mort Garson). As faixa estão presentes no album triplo Nancy Wilson - The Capitol Recordings, 1960 - 1976.

O charme de Nancy Wilson, uma das maiores cantoras vivas do jazz
E para encerrar o programa no mesmo clima latino em que começamos, destacamos o grupo Manny Oquendo´s Libre apresentando a versão bem caribenha da composição de Freddie Hubbard Little Sunflowers. A faixa está presente no álbum Ritmo Sonido Y Estilo, lançado em 1994 pelo selo Montuno Records.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Programa de 02 de dezembro de 2010

Iniciamos o programa com um disco bastante importante para a história do jazz: o álbum Horace Silver and the Jazz Mensagers. E por que o disco é tão importante? Vários motivos: é a primeira gravação onde o talento do então novato pianista de ascendência cabo verdiana mostrava de forma plena seus talentos, tanto de compositor como de executante. Outra razão foi que, a pedido de Mr. Silver Art Blakey colocou em prática a idéia de criar um conjunto chamado Jazz Mensagers. Este nome passaria a ser utilizado pelo baterista em inúmeras formações nas décadas seguintes, quase todas elas de altíssima importância na história do jazz. E, além de tudo, o disco é bom – muito bom!

Disco histórico!
Das oito faixas que o CD lançado em 2004 pelo selo Blue Note apresenta, selecionamos duas composições de Horace Silver: The Preacher e Creepin´ in. Os mensageiros do jazz nesta gravação foram: Kenny Dorhan – trompete, Hank Mobley – sax tenor, Doug Watkins – contrabaixo, Horace Silver – piano e Art Blakey – bateria.

Na sequencia do programa apresentamos o álbum Guitarrist do, claro, guitarrista Kevin Eubanks. Lançado originalmente em 1983 pelo selo Elektra, o disco reúne quase todo o clã musical Eubanks; temos Robin Eubanks – trombone, Charles Eubanks – piano, David Eubanks – contrabaixo. Além da família, tocaram no disco Ralph Moore – sax tenor, Roy Haynes – bateria. Destacamos do CD as faixas Untitle Shape (K. Eubanks) e Blue in Green (Miles Davis e Bill Evans). Vale lembrar que o Kevin Eubanks é sobrinho do grande pianista e compositor Ray Bryant. Talento na família não falta!

Após o intervalo, o destaque para o registro do encontro de um grande nome do passado, o pianista britânico George Shearing com um dos favoritos do momento, o guitarrista John Pizzarelli. O álbum chama-se, apropriadamente, The Rare Delight of You; foi lançado em 2002 pelo selo Telarc. Uma delícia escutar o quinteto de Mr. Shearing acompanhando a voz e a guitarra de Mr. Pizzarelli. Selecionamos três canções para você ouvir: Be Carefull, It´s My Heart (Irving Berlin), Shine on your Shoes (Arthur Schwartz, Howard Dietz) e Lulu´s Back in Town (Harry Waren e Al Dubin). Compõem o quinteto Ted Piltzecker – xilofone, Red Schwager – guitarra, Neil Swaison – contrabaixo, Dennis Mackrel – bateria. Vale observar que a capa do CD paga tributo a um outro álbum muito importante de George Shearing: Nat King Cole Sings George Shearing Plays que, em breve, apresentaremos no programa.


Um prazer raro ouvir a música de George Shearing e John Pizzarelli
O baterista Bob Kaufman é participante ativo da cena jazz desde a década de 60. Professor de percussão no Berklee College of Music em Boston é respeitadíssimo nos circuitos musicais e acadêmicos no nordeste dos EUA. O álbum Worlds Together reúne um quinteto liderado por Kaufman que conta com a participação de Jerry Bergonzi – e Bill Pierce – sax tenor e os brasileiros Sizão Machado – contrabaixo e Lupa Santiago – guitarra. O álbum foi gravado em 2007 nos Estados Unidos e lançado no Brasil pelo selo Tratore. Destacamos as faixas Hogh Tied e Wrong – ambas de Bob Kaufman.

E para encerrar, programamos o grupo do trombonista Jimmy Bosh com uma versão em latina do clássico de Wayne Shorter Speak No Evil. A faixa faz parte do álbum Salsa Dura, lançado em 1999 pelo selo Ryko Latino.

Programas de 30 de outubro de 2010

O programa iniciou com a apresentação do álbum Airmail Special do baterista estadunidense, radicado na Suíça, Ken Wood. Do álbum gravado em Lausane em 2006, destacamos os temas Tipsy (Edgard Battle Eddie Durham) e Have You Meet Miss Georgia Brown? (Ben Bernie, Kenneth Casey e Maceo Pinkard). O octeto que se apresenta no CD foi formado por Philippe Cornaz – vibrafone, Michel Thévoz, Bernard Dossin e Marco Neri – guitarras, Jacques Ducrot, sax alto, Christian Gavillet – clarinete e sax tenor, Alexandre Huber – teclados, Lucien Neumann – contrabaixo e Ken Wood – bateria.

Na sequencia apresentamos o disco Rush Hour do saxofonista Joe Lovano. Gravado entre abril e junho de 1994 para o selo Blue Note, o álbum tem como destaque o trabalho do maestro Günter Schüller nos arranjos e condução da orquestra que acompanha o grupo de Joe Lovano. Das 13 faixas do CD, destacamos dois clássicos: Crepuscule with Nelie (Thelonious Monk) e Prelude to a Kiss (Duke Ellington).

Dinah Shore é uma das personalidades mais marcantes do cenário jazzístico dos EUA na segunda metade do século XX. Cantora, atriz, apresentadora de programas de rádio e de TV; neste veículo teve um programa que ficou mais de QUATRO DÉCADAS no ar; e isto num tempo que não havia TV a cabo... Ah! Ganhou 10 Grammys. Infelizmente anda meio esquecido, mas aqui no programa sempre há espaço para os grandes talentos, conforme você conferiu nas faixas Candy (David, Kramer e Whitney) e Body and Soul (Green, Heyman e Sour).
Dinah Shore em seu programa de TV
A segunda metade do programa começou com registro do encontro entre os saxofonistas Charlie Mariano e Sadao Watanabe. O álbum gravado em 1967 chama-se Nabesada & Charlie. Infelizmente não tenho muitas informações técnicas sobre o excelente encontro musical do qual destacamos as faixas Comin´ Home Baby (Ben Tucker) e One Note Samba (Samba de Uma Nota Só) (Tom Jobim e Newton Mendonça). O CD foi lançado no Brasil pelo selo Movieplay em 1992.

O álbum What is There to Say? foi gravado pelo quinteto do saxofonista Gerry Mulligan em Nova Iorque na virada de 1958 para 1959. Escolhemos para você ouvir os temas As Catch Can e Festive Minor ambas de Mr. Mulligan. Acompanharam o saxofonista os músicos Art Farmer - trompete, Bill Crow - contrabaixo e Dave Bailey - bateria. lançamento Columbia Jazz.


Foto da contra capa do CD What is There to Say? do barítono Gerry Mulligan
E encerramos o programa com o grupo cubano Mamborama. Tocamos o tema de pegada bem latina És solo musica. A faixa faz parte do álbum Night of the Living Mambo, gravado para o selo Ahi Nama Music em 2006. Jazz caribenho é uma delícia!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Programa de 18 de novembro de 2010

Para abrir o programa desta quinta-feira escolhemos o disco Midnight Blue do guitarrista estadunidense Kenny Burrel. O álbum é considerado um dos mais importantes da carreira do nativo de Detroit e tem, como o nome declara, uma pegada bem bluesy com a banda trabalhando "as matizes mais sutis e mais profundas do blues, combinando grooves fortes com um sentimento de reflexão da meia noite". O grupo liderado por Mr. Burrel contou com Stanley Turrentine - sax tenor, Major Holley Jr. - contrabaixo, Bill English - bateria e Ray Barreto - congas. Gravado em abril de 1967 para o selo Blue Note, a versão em CD apresenta nove faixas, das quais destacaremos os temas Saturday Night Blues (K. Burrel) e Mule (Major Holley Jr. e K. Burrel).

Kenny Burrel
No segundo bloco do programa levaremos o trabalho pouco conhecido no Brasil de dois grupos: inicialmente o Brian Patneaude Quintet e, em seguida, o Anders Westfall Trio.

Formado em 2002, o quinteto do saxofonista Brian Patneaude é atualmente uma das bandas de jazz mais ativas na cena jazz de Nova Iorque. Sua música mescla vários estilos de jazz moderno, com melodias acessíveis e texturas harmônicas. O grupo é composto por Brian Patneaude - sax tenor, George Muscatello - guitarra, Mike DelPrete - contrabaixo, Danny Whelchel - bateria e Dave Payette - piano. Ouviremos com eles o tema Release que faz parte do álbum Distance, que foi lançado em 2005.

A seguir você ouvirá o trio do guitarrista dinamarquês Anders Westfall. Acompanhado por Jasper Høiby - contrabaixo e Kalle Mathiesen - bateria, apresentaremos Westfall tocando o tema Another You. A faixa faz parte do CD Live at the K2 que foi gravado ao vivo no Festival de Jazz de Copenhagen em 2008 para o selo Mecca.

Após o intervalo abriremos espaço para uma das queridinhas do jazz contemporâneo: a contrabaixista e cantora Esperanza Spalding. Nascida em Portland - noroeste do EUA - bem cedo foi reconhecida como um prodígio na execução do contrabaixo acústico. E neste caso a palavra prodígio não é exagerada, visto que a moça com 19 anos era PROFESSORA na prestigiada Berklee College of Music em Boston!
Tendo trabalhado com nomes como Joe Lovano, Patti Austin, Charlie Haden, Regina Carter, Pat Metheny, entre outros, Miss Spalding lançou até agora três trabalhos solo; dois dedicados ao jazz e um à música clássica. E é do seu segundo álbum, chamado Esperanza, que apresentaremos as faixas I adore you e I know you know ambas de sua autoria. Preste atenção na influência da MPB na maneira de Esperanza cantar, principalmente no segundo tema.
Em I adore you você escutará Leo Genovese- piano, Jamey Haddad - percussão e Otis Brown - bateria. Em I know you know teremos o mesmo grupo com exceção de que Horácio "El Negro" Hernadez assume a bateria. O CD Esperanza foi lançado em 2008 pelo selo HeadsUp.

Esperanza Spalding, e ainda por cima a moça é bonitinha...
E encerraremos esta edição do Nas Trilhas do Jazz com um grande artista da terra: o guitarrista curitibano Pollaco. Membro da ilustre família Oliva, que tantas coisas boas já fez pela música em nossa cidade, Pollaco estudou música no Brasil com nomes como Paulo Bellinati e Roberto Sion; nos EUA, enquanto cursava o GIT (Musician´s Institute) em Los Angeles teve aulas com, nada mais nada menos, Joe Pass e Scott Henderson. Também estudou contraponto e composição com o maestro Moacir Santos!

Em sua carreira Pollaco tocou com grandes nomes com Tal Farlow, Airto Moreira, Roberto Menescal, Mauro Senise, Nailor Proveta e Robertinho Silva só para falar em gênios da música.

O guitarrista curitibano Pollaco que teve as primeiras lições
de violão com seu irmão, o compositor José Oliva.
O trabalho de Pollaco que iremos apresentar está presente no álbum Outono. Lançado pela Cema Records, o CD reúne composições do período compreendido entre os anos 1984 e 2004. As doze faixas do disco apresentam a evolução de um artista em permanente desenvolvimento; destacaremos Nova e Outono, ambas de Pollaco. O disco é recheado de participações especiais como Nailor Proveta, Helinho Brandão, Walmyr Gil, François Lima, entre outros, que complementam o excelente trabalho feito por Fernando Gualberto - contrabaixo, Ricardo Mosca - bateria que formam o núcleo da Pollaco & Cia.

Capa do CD Outono da Pollaco & Cia
Mais informações sobre este grande músico curitibano você encontra no site: http://www.pollaco.com/


 

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Programa de 16 novembro de 2010

Uma dos nomes que mais gera polêmica na cena jazz é o do guitarrista e cantor George Benson. Dono de talento inegável, Mr. Benson fez uma escolha clara em sua carreira: ainda durante os anos 60, deixou a linha do jazz mais tradicional e optou por fazer música de maior apelo comercial. A opção foi radicalizada na década seguinte, o que ocasionou o surgimento de um grande número de fãs e também de críticos e puristas com o nariz torcido. Certo ou errado nas suas escolhas (você decide!), o fato é que a música feita pelo guitarrista continua sendo admirada no mundo todo.

George Benson e umas maritacas na capa do álbum In Flight
Tocaremos no programa de hoje um disco de 1976 - George Benson in Flight, onde - em minha modestíssima opinião, Mr. Benson consegue equilibrar sua música na frágil fronteira entre o pop e a música de qualidade, entre o bom gosto e kitch. O álbum reune um excelente grupo de músicos como Ronnie Foster - teclados, Phil Upchurch - guitarra base, o argentino Jorge Dalto - piano acústico, Stanley Banks - contrabaixo, Harvey Mason - bateria e Ralph MacDonald - percussão. Você escutará The Wind and I (Ronnie Foster) e Valdez in the Country (Donny Hahaway). O disco foi lançado pelo selo Warner.

O álbum Exile and Discovery, do selo Naxos Jazz, é o registro do trabalho de estréia como lider do saxofonista Donny McCaslin. Este ex aluno da prestigiada Berklee School of Music consegue percorrer vários estilos do jazz com competência e criatividade. Gravado ao vivo em novembro de 1997 o disco conta com as participações de Billy Drummond - bateria, Ugonna Okegwo - contrabaixo e Bruce Barth - piano. Aliás, este pianista é para mim um dos melhores da atualidade; preste atenção na sua tocada. Você ouvirá as faixas Mountain Mama (D. McCaslin) e Isfahan (Duke Ellington e Billy Strayhorn)

Após o intervalo teremos o prazer de apresentar o trabalho da pianista e cantora brasileira Eliane Elias. Paulista filha de mãe pianista clássica, desde cedo Eliane se envolveu com os estudos do piano. Contrariando a tradição familiar enveredou pelos caminhos da Bossa Nova e do jazz; uma decisão comemorada por todos. Após participar de um grupo que acompanhava a dupla Toquinho e Vinícius decidiu tentar carreira nos EUA em 1981. Desde então só tem colhido reconhecimento pelo trabalho e sucesso nos circuítos da boa música. Entre tantos destaques foi a primeira mulher instrumentista a ter sua foto estampada na capa da prestigiada revista de jazz Down Beat. Também já recebeu inúmeros prêmios em todo o hemisfério norte.

Capa do CD Dreamer da pianista brasileira Eliane Elias
Bela mulher Eliane, acima de tudo, faz grande música Você poderá conferir isto nos temas Baubles, Bangles and Beads (George Forrester, Robert Wright) e Samba de Verão (Marcos e Paulo Sérgio Vale). As faixas fazem parte do álbum Dreamer que foi lançado pelo selo Blue Bird em 2004. Tocam no álbum Oscar Castro Neves - violão, Paulo Braga - bateria e o maridão Marc Johnson - contrabaixo.

No quarto bloco do programa destacaremos o trabalho do baterista Brian Blade. Lançado em 2000 pelo selo Blue Note, Perceptual é um álbum conceitual que trata do episósdio do tiroteio na Heath High Scholl e, incrível, nem por isso é chato. Longe disto é muito bom conforme você poderá verificar nas faixas Crooked Creek e Perceptual, ambas de autoria de Mr. Blade. Seu grupo, o Brian Blade Fellowship foi composto pelos músicos Melvin Butler - sax ternor e soprano, John Cowherd - teclados, Dave Easley - guitarra, Kurt Rosenwinkel - guitarra, Christopher Thomas - contrabaixo, Myron Walden - sax alto e clarineta e Brian Blade - bateria e percussão.

domingo, 14 de novembro de 2010

Não é apenas a música II

Há algum tempo fiz uma postagem comentando que o jazz, além de boa música, sempre foi fonte de grandes capas. Mostrei algumas que gosto e prometi mais. Então aproveitando o feriadão...


Começo com a capa do álbum Good Time Jazz do trumpetista Bob Scobey. A Frisco Band de Mr. Scobey destacou-se tocando dixieland; música dos bons tempos, a capa também!

Capa do LP Good Time Jazz da Bob Scobey´s Frisco Band - ano de 1955

O genial pianista Thelonious Monk gostava de trabalhar com pequenos grupos, normalmente em quartetos com seu eterno parceiro o saxofonista Charles Rouse. Mas em 1964 ele "arriscou" um vôo solo que resultou em um belíssimo disco, Solo Monk, e uma capa fantástica!

Em 1964, Thelonious Monk arriscou um solo

E para terminar, mais uma inacreditável capa do trompetista Chet Baker desta vez em parceria com um companheiro de primeiras gravações: o saxofonista Art Pepper. Como a outra capa do Chet que mostrei, a do LP Playboys também dispensa comentários...

Capa do álbum Playboy de Chet Baker & Art Pepper - ano de 1956

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Programa de 11 de novembro de 2010

Se você andar pelas lojas de pôster tão típicas da Europa e, principalmente na França, você se surpreenderá com a quantidade de quadros oferecidos com um senhor tocando clarineta e que lembra o nosso grande Pixinguinha. Trata-se de Sidney Bechet, um dos pioneiros do jazz, o primeiro solista do gênero a alcançar sucesso popular. Bechet é um daqueles tantos músicos mais lembrados e reverenciados do lado direito do Oceano Atlântico do que no próprio país.

Sidney Bechet e sua clarineta
Como a maioria dos pioneiros do jazz, Sidney Bechet nasceu em Nova Orleans e tornou-se uma das primeiras referências do gênero para instrumentos de palheta – seu instrumento original era a clarineta e, mais tarde, o sax soprano. Sua marca registrada era uso freqüente do vibrato e ele é considerado um mestre da improvisação tanto atuando como líder de grupos quanto nos arranjos coletivos daquilo que é chamado o New Orleans Jazz. Dizem que tinha uma personalidade tão forte e um estilo tão dominante que os trompetistas da época tinham receio em acompanhá-lo. Claro que isso não foi problema para Louis Armstrong com quem Sidney Bechet dividiu diversas gravações. Tocou também com Bunk Johnson, King Oliver, Duke Ellington, Josephine Baker e Jelly Roll Morton, entre tantos. Personalidade errática, vida errática, Bechet viveu muitos anos na Europa, onde morreu em 1959.

No programa de terça-feira você terá a oportunidade de conhecer um pouco da obra de Sidney Bechet nas músicas Viper Mad (S. Bechet), Sweetie Pattotie (Bogan, Willians, Alexander) e When the Sun Sets Down South (Bechet, Brooks e Sissle). As três faixas foram gravadas em fevereiro de 1938 e estão na coletânea do selo inglês West End que foi lançada com o nome de The Essential Collection Sidney Bechet.

O programa segue apresentando o registro do encontro do trio do pianista Bill Evans com o saxofonista Stan Getz. O álbum chama-se But Beautiful e foi gravado em agosto de 1974 na Holanda. Apresentaremos as faixas Funkalero (Bill Evans) e Stan´s Blues (Stan Getz). Ouviremos Bill Evans – piano, Eddie Gomez – contrabaixo, Marty Morell – bateria e Stan Getz – sax tenor.

Após o intervalo a voz elegante e sensual de Julie London cantará Black Coffee (S. Burke e P.F. Webster), In the Wee Small Hours of the Morning (B. Hillard e D. Mann) e Misty (E. Gardner e J. Burke). As três faixas fazem parte do álbum Around Midnight gravado para o selo Capitol Jazz em 1960.

No quarto bloco do programa apresentaremos o álbum Fontessa do grupo Modern Jazz Quartet. Gravado em New Jersey durante o ano 1956, o disco apresenta sete faixas das quais destacaremos as delicadas Angel Eyes (Dennis e Brent) e Willow Weep for Me (Ronell). O MJQ era composto por John Lewis – piano, Milt Jackson – xilofone, Percy Heath – contrabaixo e Connie Kay – bateria. O LP marcava o início da associação do Modern Jazz Quartet com o selo Atlantic Jazz.
 
Capa do LP Fontessa do Modern Jazz Quartet
Para encerrar o programa apresentaremos um dos músicos de destaque da cena jazz atual, o trompetista Roy Hargrove. Apontado por Miles Davis como um dos trompetistas mais talentosos da então nova geração do jazz, Mr. Hargrove tem desenvolvido um trabalho de qualidade técnica exemplar, conseguindo mesclar uma abordagem contemporânea ao jazz sem descer do bonde da tradição. Você poderá conferir o resultado nas faixas Speak Low (Kurt Weil e Ogden Nash) e I´m not so sure (Cedar Walton). Fazem parte do grupo que toca no CD Roy Hargrove – trompete e flugelhorn, Justin Robinson – sax alto e flauta, Gerald Clayton – piano, Danton Boller – contrabaixo e Montez Coleman – bateria. O álbum Earfood foi lançado em 2008 pelo selo EmArcy.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Programa de 09 de novembro de 2010

O programa desta terça-feira começa prestando tributo ao grande trompetista Henry “Red” Allen Jr. Seu pai era o líder de uma Brass Band muito popular no início do século XX em Nova Orleans e já com 10 anos Red Allen se juntou à orquestra. Depois do aprendizado sobre o jazz em diversos grupos da época, o trompetista foi convidado para tocar no lendário (e ponha lendário nisso...) grupo de Joe “King” Oliver em Chicago. Red Allen tocou ainda nas orquestras de Luis Russel, Fletcher Henderson e Louis Armstrong.

Henry "Red" Allen - cheio de estilo!
Escolhemos para abrir o programa os temas Frankie e Johnny e City of the Blues, ambas de autor desconhecido e que foram gravadas pelos Red Allen´s All Stars em Nova Iorque em 1955. O grupo que participou das gravações foi composto por Red Allen – trompete, Tony Parenti – clarineta, Tyree Glen – trombone, Hank Duncan – piano, Milt Hinton – contrabaixo e George Wettling – bateria. O álbum foi chamado de Happy Jazz e foi lançado pelo selo AVID Jazz.

E seguimos o programa dentro de uma linha de jazz mais tradicional apresentando três faixas com o saxofonista Lester Young. Você ouvirá I Got Rhythm (Gershwin Bros.), Jump Lester Jump (L. Young) e Lester Leaps Again (Irving Caesar e Buck Clayton). As faixas fazem parte da caixa Lester Leaps In lançada pelo selo inglês MCPS que, infelizmente, não traz os detalhes das gravações.

Foro muito especial em que aparecem Billie Holiday, Lester Young, Ben Webster e Gerry Mulligan
copiada do blog http://velhodeouro.blogspot.com/ que é muito legal
Após o intervalo apresentaremos outro clássico do saxofone: Ben Webster tocará as canções Pennies From Heaven (Arthur Johnston e Johnny Burke), Don´t Get Around Much Anymore (Duke Ellington e Bob Russel) e Tenderly (Walter Gross e Jack Lawrence). As faixas fazem parte do álbum King of the Tenors que foi gravado para o selo Verve em maio de 1953. Acompanharam o sax tenor do Ben Webster os músicos Harry Sweets Edison – trompete, Benny Carter – sax alto, Oscar Peterson – piano, Herb Ellis – guitarra, Ray Brown – contrabaixo e Alvin Stoller – bateria.

O guitarrista Grant Green é o destaque do quarto bloco do programa. Você ouvirá duas delicadas interpretações para dois temas muito bonitos: Nancy (With the Laughing Face) (P. Silvers e Van Heusen) e Moon River (Henry Mancini e Johhny Mercer). As gravações foram feitas para o selo Blue Note em janeiro de 1962. Moon River, que foi lançada no álbum Gooden´s Corner teve Grant Green – guitarra, Sonny Clark – piano, Sam Jones – contrabaixo e Louis Hayes – bateria. Nancy foi lançada em uma coletânea do selo Mosaic em 1989 e teve Art Blakey na bateria.

Grant Green em um programa de TV em 1965
Para encerrar o programa escolhemos as faixas When the Sunny Gets Blue (Marvin Fischer e Jack Segal) e Night in Tunisia (Dizzy Giliespie e Frank Paparelli). Ambas fazem parte do álbum Today and Tomorrow lançado pelo pianista McCoy Tyner em 1963. As gravações foram feitas em trio, completando a formação Jimmy Garrison – contrabaixo e Tootie Heath – bateria. A edição do LP foi feita pelo selo Impulse.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Programa de 04 de novembro de 2010

O programa começa com três clássicos do repertório da música popular norte americana na voz da grande Sarah Vaughan. Você ouvirá They Can't Take That Away From Me (Gershwin Bros.), Nice Work if You Can Get It (Gershwin Bros.) e Prelude to a Kiss (Duke Ellington). As faixas fazem parte de uma coletânea chamada The Great American Songbook, lançada em 2007 pelo selo inglês Not Now Music. As faixas foram gravadas entre 1954 e 56 para o selo Mercury.

Sarah Vaughan nos anos 50. Totalmente demais!

Você sabia que a Sarah Vaughan (pronuncia-se vô aan) é considerada uma das três maiores cantoras de jazz de todos os tempos? E sabia que ela foi descoberta em um concurso de calouros no Apollo Theater no Harlem em Nova Iorque? Sobre a Sassy há muito mais histórias para se contar; devagar vamos contando...

O programa terá sequência com dois temas ligados a um filme que é marcante para a cultura brasileira e para a música norte americana. Sério! Estou escrevendo sobre o filme O Orfeu do Carnaval do diretor francês Marcel Camus. O roteiro foi baseado em uma peça escrita por Vinícuis de Moraes, e teve música composta por Luís Bonfá e Tom Jobim. O filme acabou premiado com a Palma de Ouro em Cannes e foi exibido nos Estados Unidos. Europeus e norte americanos ficaram aturdidos com a trilha sonora do filme e daí passaram a se interessar pela música feita pelos meninos do Rio.

Capa de uma das edições da trilha sonora do filme Orfeu do Carnaval
 Pois bem, alguns anos depois, em 1963, o saxofonista Paul Desmond gravou o álbum Take Ten e incluiu as canções The Theme from Black Orpheus (Luis Bonfá, Antonio Maria e Luigi Creatore) e Samba de Orfeu (Luis Bonfá). Acompanharam o sax alto de Paul Desmond os músicos Gene Cherico - contrabaixo, Connie Kay - bateria e, em participação muito especial, Jim Hall - guitarra. O álbum foi lançado pelo selo RCA Victor.

Pouco conhecido no Brasil o saxofonista ternor Warne Marsh teve destaque na cena jazz norte americana durante os anos 50. Começou sua carreira em meados da década de 40 tocando no grupo liderado pelo pianista e compositor Hoagy Carmichael, encontrou seu caminho musical trabalhando com o pianista Lennie Tristano na década seguinte e, durante os anos 70 juntou-se ao grupo SuperSax. Você vai conhecer um pouco do trabalho de Warne Marsh conforme registrado no álbum Jazz of Two Cities pelo selo Imperial em 1956. Selecionamos as faixas Smog Eyes(Ted Brown) e Ear Conditioning (Ronnie Ball). Acompanharam Mr. Marsh Ted Brown - sax tenor, Ronnie Ball - piano, George Tucker - contrabaixo e Jeff Morton - bateria.
 
O pianista, compositor, arranjador brasileiro Mozar Terra (1950-2006) tocou com diversos artistas de renome entre eles Caetano Veloso, Joyce e Lúcio Alves. Morou e trabalhou na Europa por durante vários anos. De volta ao Brasil participou de diversos grupos instrumentais. Em 2001 lançou pelo selo Núcleo Contemporâneo o CD Caderno de Composição. Disco muito bom que conta com a participação de grandes nomes da música instrumental brasileira. Tocaremos no programa as faixas Ascenção e Mestiça, ambas de Mozar. Em Ascenção você ouvirá Rodolfo Stroeter - baixo acústico, Tutty Moreno - bateria, Teco Cardoso - sax barítono, François - trombone, Roberto Sion - sax tenor e Walmir Gil - trompete. Em Mestiça teremos o mesmo grupo com Teco Cardoso tocando flauta em sol e Roberto Sion flauta. Música de primeira!

Capa do CD Caderno de Composições de Mozar Terra
Theolonius Monk é uma das figuras mais originais da história da música do século XX. A sonoridade peculiar do seu piano, as composições que fugiam dos padrões e mesmo seus chapéus marcaram o ambiente do jazz durante muitos anos. Para encerrar o programa você ouvirá um de seus trabalhos mais importantes: o álbum Straight, No Chaser - lançado em 1967 pelo selo Columbia Jazz. Tocando acompanhado do companheiro inseparável Charlie Rouse - sax tenor, de Larry Gales - contrabaixo e Ben Riley - bateria, Mr. Monk gravou Between the Devil and the Deep Blue Sea (Harold Arlen) e Lokomotive (T. Monk), que mostraremos no último bloco do programa.